quarta-feira, 30 de março de 2016

Deusas Anciãs Brasileiras

O panteão brasileiro possui várias divindades que ainda são pouco conhecidas entre os adeptos dos neopaganismos no país. Essas divindades possuem grande força mágica, extremamente ligada à nossa terra e, por isso, merecem mais de nossa atenção. A seguir, vamos conhecer um pouco sobre três divindades brasileiras, essencialmente relacionadas ao sagrado feminino e à sabedoria das anciãs.

YANUBÊRI - Representada como uma avó. É uma Deusa ancestral indígena, muito poderosa. Sacerdotisa-chefe das festas das flautas sagradas, é ela quem permite o acesso aos mistérios de Jurupari. Segundo um mito Mundurukú, Yanubêri tinha dois irmãos mais jovens: Marimarabê e Mariburubê, a quem concedeu permissão para entrar na Ekça, casa de culto onde eram guardadas as flautas sagradas da aldeia. Antes, a Ekça era habitada apenas por mulheres e os homens não podiam entrar. A partir da entrada dos dois irmãos na casa, se apossaram das flautas e os homens da aldeia passaram a dividir o poder com as mulheres. Apesar do ocorrido, a "sociedade das mulheres" não foi desfeita. No Piaganismo, evoca-se Yanubêri para questões relacionados à abertura da visão e de caminhos. Ela torna acessível o que está inacessível, para aqueles que são merecedores. Como oferendas, ela recebe flautas de bambu, apitos, cuia com macaxeira, mel, peixe enrolado na folha de bananeira. 

YEBÁ BELÓ - Considerada a "Avó do Universo". É aquela que nos ajuda a desenvolver a maturidade, a sabedoria para fazer as escolhas certas, a encontrar soluções para questões que nos afligem. De acordo com o mito, foi a partir de utensílios invisíveis que Yebá Beló fez a si mesma. Após surgir, criou a luz, através de três trovões. Dos primeiro trovão surgiu Emeko, um ser invisível que utilizou a energia os outros dois trovões para criar o Sol, o Homem e os animais. Enquanto isso, Yebá Beló criou a Terra, usando sementes do seu seio esquerdo e adubando com leite do seio direito. A povoação deste novo mundo ocorre quando dois índios, Curu e Rairu, enviados por Tupã, puxam pessoas por uma corda estendida, que os traz para habitar a terra. No Piaganismo, Yebá Beló aceita como oferendas cuia com leite natural, milho cozido, grãos e sementes, além de cânticos e orações.

YUSHÃ KURU - Deusa feiticeira, possui o dom do curandeirismo. Conhecida como "A Fêmea Roxa", Yushã pode ter sido uma ancestral divinizada, pois foi responsável por ensinar a magia da cura para os xamãs Kaxinawás. Com a ajuda dos conselhos de Yushã Kuru foram criados os primeiros remédios e venenos, a base de folhas e elementos naturais. Ela é a conhecedora das folhas que curam todos os males, tanto picadas de animais peçonhentos como também doenças dos homens e animais. De acordo com o mito, Yushã Kuru não ensinava seus conhecimentos para ninguém e sempre utilizava seus remédios mágicos de forma escondida de todos. Mas a Velha Roxa decidiu que ensinaria seus conhecimentos de ervas para o neto, com quem compartilhou todos seus segredos, o iniciando na pajelança e nos mistérios da floresta. Com a sabedoria de Yushã, é possível abençoar e amaldiçoar, enfeitiçar ou tirar maus espíritos da pessoa. No Piaganismo, Yushã Kuru auxilia em trabalhos de cura e limpeza. Ela recebe como oferendas cachimbo ou fumo de rolo, maço de ervas aromáticas, incensos herbais e cânticos.


BIBLIOGRAFIA:
SAMPAIO, Fernando G. As Amazonas, Tribo das Mulheres Guerreiras (A derrota do Matriarcado pelos Filhos do Sol). Editora Aquarius.

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